Sobrepeso sobe em 11% o risco para 13 tipos de câncer, mostra estudo

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Um novo estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido revelou que o sobrepeso está diretamente relacionado a uma maior incidência de 13 tipos diferentes de câncer. Essa descoberta foi feita por meio de uma meta-análise que comparou informações de quase 600 mil adultos nos bancos de dados UK Biobank e EPIC (Investigação Prospectiva Europeia sobre o Câncer e Nutrição). 

Anteriormente, não havia consenso entre os especialistas se o sobrepeso favorecia diretamente o surgimento de tumores ou se atuava por meio do desenvolvimento de comorbidades cardiovasculares e cardiometabólicas, como a diabetes. No entanto, ao comparar os dados de saúde dos participantes da pesquisa com e sem essas doenças, os autores do estudo concluíram que o acúmulo de gordura é um fator de risco relevante por si só. 

Os resultados mostraram que um aumento de 5 pontos no Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes levou a uma maior incidência de câncer em cerca de 11%, tanto em pessoas com quanto sem doenças cardiometabólicas. É importante ressaltar que o surgimento do tumor é um processo complexo, que pode levar anos ou décadas, e depende de uma série de fatores, como dieta, atividade física, meio ambiente e condições pessoais de saúde. 

De acordo com Helen Croker, diretora assistente de pesquisa e política do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer, esses resultados reforçam a importância de conscientizar as pessoas sobre os riscos da obesidade e do sobrepeso para o câncer. Ela defende a implementação de políticas mais fortes em todo o mundo que incentivem hábitos de vida mais saudáveis. 

Apesar dos resultados promissores, Croker destaca que o estudo possui algumas limitações, como o uso exclusivo de dados europeus, que não refletem a realidade latino-americana, por exemplo. Além disso, o uso do IMC como medida do sobrepeso pode não ser totalmente preciso, pois não leva em consideração a distribuição de gordura pelo corpo. 

Estatisticamente, pacientes com IMC maior do que 25 têm um maior risco de desenvolver pelo menos 13 tipos diferentes de câncer, incluindo câncer colorretal, de fígado, rins, pâncreas, ovário e especialmente câncer de mama após a menopausa. 

Andrea Damin, médica e professora da Faculdade de Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), destaca que a obesidade pode aumentar os níveis de hormônios e promover um ambiente inflamatório, fatores que contribuem para o desenvolvimento do câncer de mama. No Brasil, esse tipo de câncer é prevalente em pacientes com menos de 50 anos. 

É importante ressaltar que o combate ao sobrepeso e à obesidade também é fundamental no tratamento do câncer. A Sociedade Brasileira de Oncologia recomenda a prescrição de exercícios físicos para pacientes com câncer, mas essa recomendação nem sempre é seguida. 

Um estudo realizado por pesquisadores espanhóis mostrou que a combinação de mudanças na alimentação e prática de atividades físicas em pacientes com câncer de mama resultou em melhorias significativas na capacidade cardiorrespiratória, força muscular, composição corporal, qualidade de vida, fadiga, ansiedade, depressão e sono. Portanto, uma abordagem holística do problema, promovendo mudanças completas no estilo de vida, é essencial. 

Não é necessário esperar o diagnóstico do câncer para começar a adotar hábitos saudáveis. Um acompanhamento de 14 anos com mais de 400 mulheres canadenses mostrou que uma maior frequência de atividade física, tanto antes quanto depois do diagnóstico de câncer endometrial, foi favorável para estender a vida dessas pacientes em até 67% a mais do que aquelas com comportamento sedentário. 

Além de prevenir o sobrepeso e a obesidade, mudanças no estilo de vida também ajudam na prevenção direta do câncer e proporcionam outros benefícios para a saúde e o bem-estar em geral. Portanto, é fundamental cuidar da saúde e buscar formas de se manter ativo e saudável. 

Os planos de saúde podem desempenhar um papel importante nesse processo, oferecendo suporte e recursos para ajudar as pessoas a adotarem um estilo de vida mais saudável. É essencial aproveitar esses recursos e buscar orientação médica para garantir uma vida mais longa e saudável. 

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